Projeto 15 dias - São Thomé das Letras - Parte 14

 Capítulo 13 – Despedidas (com sensação de

até breve)

    

    Acordei um pouco mais tarde do que os outros dias (5 horas) , após guardar roupas previamente lavadas e que não serão utilizadas , me dediquei ao café da manhã onde durante o desjejum , já senti que meu coração hoje não pede um translado para conhecer nenhum ponto mais afastado. Assim sendo , coloquei água e algo rápido para comer na mochila e parti , rumo a pedra da bruxa através do acesso mais difícil (pela escadaria íngreme) , antes de chegar no meu destino , me deparei com uma formação de rochas ao lado direito da pedra da bruxa , mais precisamente entre esta e o cruzeiro. Não sei se esta formação rochosa tem um nome oficial porém a batizei de pedra do touro devido a extremidades pontiagudos e quase horizontais o que faz lembrar um touro em posição de ataque. Decidi que esta formação seria meu “novo” destino , então segui a trilha em meio a uma vegetação alta e seca (a muitos dias não chove por aqui) que levava a seu encontro , escalei a rocha , explorei as redondezas do lugar , contemplei a paisagem magnífica e fiz várias fotos pois estando o céu praticamente sem nuvens a visibilidade proporcionada era de centenas de quilômetros.

Formação rochosa presente do lado direito da pedra da bruxa por mim denominada de “pedra do touro"


Trilha de acesso à “pedra do touro “ , destaque para vegetação alta e secaem seu entorno dificultando o acesso


Pedra da bruxa do meu ponto de contemplação/observação 


    Descendo do meu ponto de contemplação/observação (pedra do touro) decidi subir mais uma vez a pedra da bruxa para fazer algumas fotos , e dessa vez subi através de um outro ponto de acesso , um pouco mais íngreme do que utilizei anteriormente porém mais curto e que também apresenta algumas das características do meu ponto de acesso anterior: tem o que parece ser degraus , não sei se esculpidos intencionalmente por pessoas na rocha com intuito de facilitar o acesso ou naturalmente “esculpidos “ pelo tempo através do processo de erosão.


Ponto de acesso ao topo da pedra da bruxa , detalhe dos “degraus” quefacilitam a subida , bem como da inclinação

 No meio da subida fiz uma pausa para registrar o ponto de acesso bem como a escultura impressa na rocha pela erosão , ao subir , infelizmente visualizei vestígios de lixo e utensílios para manipulações energéticas deixados por pessoas que ainda não foram tocadas pela “magia verdadeira” do lugar , o dia estava tão bonito e o céu continuava na perfeição de um azul quase infinito que voltei minha atenção ao que realmente importa ali (no meu entender) a conexão com o divino.


Pausa durante a subida para registrar o processo de erosão , é possível visualizar na imagem (a esquerda) parte do centro da cidade

    Após um tempo registrando e contemplando mais uma vez as belezas do lugar , fiz meu retorno com uma breve parada no supermercado para deixar garantido logo cedo o que precisava ser comprado. Uma vez no apartamento , minha atenção se voltou para a limpeza do lugar e lavagem de roupas , apenas a título de informação ao leitor(a) , quando falo em lavar roupas . Após o almoço , pretendo fazer a seleção de fotos (foram muitas) e partir para onde o coração pedir para desfrutar meus derradeiros momentos na cidade. No final da tarde tive de voltar ao supermercado pois vi que tinha esquecido de comprar algumas coisas e pude ver o movimento frenético nas ruas , supermercado , praça , hoje começa a “festa da colheita “ aqui na cidade e pelo que recebi de informação , é o maior evento do ano. Pessoas de todo o estado de Minas Gerais e estados próximos chegam para desfrutar das belezas de São Thomé e dos shows gratuitos com artistas de renome nacional e internacional. Toda essa movimentação injeta uma grande soma de recursos na economia local , coisa muito esperada aqui na cidade , seja por quem vai aproveitar os shows ou pelos que vão aumentar seu faturamento devido ao incremento substancial de pessoas circulando. 

    Pude ver que a prefeitura parece fazer o possível para que não se instaure o colapso seja do trânsito de automóveis bem como pessoas pois vi carros de som solicitando que se trafegue a pé e muitos funcionários municipais a prestar informações e segurança. Devido a todo esse alvoroço na cidade , decidi que essa é minha última noite de passeio porque amanhã pretendo dormir bem cedo pois no dia subsequente terei minha longa peregrinação de retorno à minha terra natal. Como não poderia deixar de ser em minha última noite livre de horário , me encaminhei ao cruzeiro , foi lá onde à noite vi coisas que nunca havia visto , foi lá que tive as experiências cuja lógica não pode explicar , foi lá onde aconteceu um início do meu ciclo na cidade e no silêncio de minha introspecção e ausência de qualquer expectativa , ficarei até onde o frio “permitir “ para encerrar esse ciclo com gratidão a tudo e todos envolvidos. 

    O relógio marcava 20:30 horas quando eu já me encontrava no topo do cruzeiro , lá em cima , tudo escuro e pude constatar que havia umas 6 ou 7 pessoas. Me posicionei um pouco mais recuado em relação ao desfiladeiro e a direita de onde costumava ficar para ter um pouco de privacidade , o céu estava praticamente sem nuvens , repleto de estrelas e assim que me “acomodei “ no meu novo lugar comecei a contemplar aquele “presente “ , não demorou muito para que eu avistasse o primeiro asteroide assim foi acontecendo até o sétimo. Em especial o de número 6 que foi o asteroide/meteorito mais bonito que eu já vi na vida , durou aproximadamente 5 segundos , apareceu a minha esquerda cruzou meu horizonte até apagar a minha direita a sua luz era azul e tão intensa que durante a passagem clareou todo o desfiladeiro. As pessoas ali presentes reagiram com gritos de emoção ao fenômeno que também emitiu um ruido leve como o de uma rocha quebrando. Com relação a situações sem explicação nesse meu dia de “despedida “ vi um objeto com uma iluminação em forma de círculo em tom de laranja e translúcido (como uma névoa de luz circular) , sobrevoou uma área de mata nativa a uns 3 ou 4km de distância no horizonte e depois desapareceu (durou uns 6 segundos) , uma outra situação ocorreu posteriormente quando já estava próximo do horário de retorno , vi um objeto de forma triangular sem nenhuma luminosidade , de cor branca e fosco , similar a um mármore porém fosco , era aparentemente grande (uns 20 metros de diâmetro , sobrevoou a mesma área de mata nativa da “luz laranja “ porém se deslocou horizontalmente até “descer” em área de mata por trás de uma montanha , na verdade como estava muito baixo , rente às árvores não tenho certeza se “desceu “ por trás da montanha ou em alguma clareira (acho pouco provável pois aparentemente a vegetação era densa) no meio da vegetação na área do cume que distanciava uns 4km de onde eu estava. Retornei para o apartamento por volta das 23:30 horas impactado com tudo que presenciei e dessa vez com outras pessoas no lugar que possivelmente viram tudo ou parte do que eu observei.

    No meu retorno ao apartamento pude perceber que a cidade estava repleta de pessoas , nas ruas ainda era possível ver o trânsito de grupos se dirigindo ao local dos shows pois de acordo com a programação oficial , a atração principal começou ou deveria ter começado o show às 23 horas , ao chegar no apartamento tomei um banho , jantei e mesmo estando a aproximadamente 1km de distância do local de show , era possível escutar o som proveniente da banda que se apresentava. Tentei dormir porém “impregnado” por uma forte energia , eu simplesmente não conseguia e antes que o/ a leitor(a) imagine alguma relação com o som eu afirmo que apesar do local dos shows ser aberto o volume estava bastante “comportado” , do local onde eu estava e de dentro do apartamento , a título de comparação , o que eu escutava tinha um volume mais baixo do que o normalmente utilizado na TV para assistir o que me era conveniente. Foi uma noite de breves cochilo sem a possibilidade de um verdadeiro sono reparador.


Playlist do capítulo 13


 Wolf Larsen: ○ Álbum: Quiet at the kitchen door

 Izzy Stradlin and the Juju hounds: ○ Álbum: Izzy Stradlin and the Juju hounds

  Clinton Fearon: ○ Álbum: Mi deh yah 



The rock - Acrílico - 2024


Gustavo H.F. de Sousa - Projeto 15 dias


 (2023-2024)


Revisitando os altiplanos sagrados


    A montanha com lâminas de minério e cristal recebe os sedimentos/ornamentos de um tempo que celebra a chegada do novo 

  Entre os cumes direito e esquerdo,  no caminho de barro estreito e sinuoso, existe o trânsito do que é essencial 

    Nos arredores do caminho,  verdes,  laranjas e  abelhas selecionam a  abertura aos transeuntes ávidos por emoções 

    Meus olhos permitem a entrada de tudo que trás leveza e sabedoria à alma,  relevando a poeira de quem sucumbe a pressa 

    Minha atenção salta de um cume ao outro em um passeio rítmico como o ponteado de uma viola caipira

    Sigo em aclives e declives permitidos,  retas e curvas que me levam ao ponto de observação onde o lume exterior é abrandado e  cada individualidade pode expor seu tom e intensidade

    De uma cadeira escavada na rocha por águas bentas ,  eu encerro as atividades físicas irrigando tudo que não me restringe


Gustavo H.F. de Sousa - Projeto 15 dias


 (2023-2024)



    




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