Projeto 15 dias - São Thomé das Letras - Parte 12

 Capítulo 11 - Abrançado o sol no cruzeiro 


    Hoje acordei por volta das 2 da manhã e como de costume fui até a janela checar o céu , estava repleto de nuvens , voltei para cama e me forcei a relaxar e assim cochilei , voltando a despertar horas depois com vontade de ir ao banheiro (perto das 5 da manhã). Iniciei o preparo do café da manhã e o céu continuava com intensa nebulosidade , o vento não parecia forte (sem ruidos na janela) porém a temperatura estava baixa entre 10 e 12°C nesse início de manhã minha atenção se voltou para tarefas domésticas como lavar roupas , guardar roupas previamente lavadas e secas.

    Preparar o almoço em quantidade suficiente para mais de um dia também foi uma das minhas tarefas pois vislumbrando a possibilidade de passar o dia fora em algum passeio , não teria motivos para pensar no quesito alimentação no retorno. Tentei negociar o translado para o complexo de Shangrilá , área considerada sagrada pelos índios que habitavam a região centenas de anos atrás e que conta com atrativos como: pinturas rupestres , cachoeiras e trilhas , parecia o lugar perfeito para experiências físicas e não físicas.

    O problema inicial foi o preço cobrado , como o lugar fica afastado da cidade e tem no caminho de acesso barro , buracos e pedras , normalmente o acesso se dá através de veículos com tração 4x4 e usualmente esses veículos não transportam uma única pessoa sendo o valor cobrado dividido entre os ocupantes. Estando sozinho , eu teria de pagar o valor integral ou com um pequeno decréscimo o que não parecia conveniente para mim apesar da justificativa do preço ser aceitável: trajeto de aproximadamente uma hora, estrada com barro, pedras e buracos que obviamente causava um desgaste extra nos veículos . Mesmo com todas as informações recebidas não conclui nenhuma negociação e decidi esperar melhor oportunidade ou condições melhores de valor cobrado.

    A tarde fui ao supermercado comprar pequenas coisas que estavam faltando e após meu retorno , guardando as compras , me bateu uma súbita vontade de ir ao cruzeiro e me deleitar com o pôr do sol. Coloquei roupas apropriadas e fui ao meu ponto predileto de observações , lá chegando vi uma grande quantidade de pessoas na pirâmide e também ali pelas redondezas (cruzeiro ).

Pessoas na pirâmide a espera do por do sol

    Como é costume local o pôr do sol aconteceu com aplausos , uivos e todo entusiasmo principalmente do público presente na pirâmide que devido a proximidade era perfeitamente audível da minha posição.

Desfiladeiro em frente ao cruzeiro no fim da tarde 

Pôr do sol (visto do cruzeiro)

    Fiz fotos e resolvi ficar um pouco mais ali , quando escureceu pude observar 2 asteroides ou lixo espacial queimando na reentrada atmosférica e algo que julguei serem satélites pois tinham um lume reduzido (comparável a uma estrela pequena) , passavam em rota linear e sem aparente alteração de velocidade.

   A atipicidade de fato presenciado aconteceu quando eu me levantei (estava sentado na pedra) para retornar, por volta das 20 horas. Olhei para baixo de onde eu estava (um desfiladeiro) e vi uma espécie de névoa/neblina cobrindo uma área, voltei minha atenção para o céu , apenas checando se algo diferente estava presente, retornando rapidamente (não mais que 2 segundos) a olhar para o local da névoa/neblina , percebi que tinha aumentado a abrangência em quase o dobro da área e rapidamente (segundos) voltou a ter a abrangência anterior. Resolvi repetir o movimento de olhar para um determinado ponto e retornar a atenção ao desfiladeiro e dessa vez nada atípico aconteceu. Desci da rocha e me encaminhei ao meu quarto tentando buscar explicação lógica para mais um fato inusitado presenciado.

  

  Playlist do capítulo 11


 Paul Bley / Franz K. / Gary Peacock:

          Álbum: ○ Annette

  Marc Copland / Gary Peacock:

         Álbum: ○ Insight




From my window - Acrílico  - (2024)


Gustavo H.F. de Sousa - Projeto 15 dias (2023-2024) 


Centrifugação 


   Terras distantes, águas sagradas, preservado abrigo do que é banal

    Cotidiano em pano de fundo, ontem salgado e artesanal salta para um hoje automatizadamente doce com frutas cristalizadas 

    Fim de tarde, as trilhas e ruas convergem,  forças emergem de um céu cor de rosa verdadeiramente belo

    Aplausos ardentes, uivos vividos, ouvidos atentos, gestos serenos precedem o retorno de grupos visualmente ainda impactados 

    Movimento de pernas descendo, fluxo quase unidirecional de lanternas rumo oeste buscam abrigo de um vento que traz frio e altivez 

    Nos céus, presentes ainda são embalados com todo o cuidado, movimentos diminuem mas a estática definitivamente não está presente 

    A neblina,  que chega dançando, abraça tudo que é escuro e me mostra (reservadamente) o que os olhos não veem 

    Sonhos abertos de perto e de longe harmonizados por rica nuance de tons cuja melodia não requer palavras 


Gustavo H.F. de Sousa - Projeto 15 dias (2023-2024) 


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