Projeto 15 dias - São Thomé das Letras - Parte 13

 Capítulo 12 – Terra sagrada

   

   Como sempre , acordei cedo (3:49 horas) , fiquei na cama “navegando “ pela Internet , checando meu blog pessoal , redes sociais , mensagens , mapa com localização de pontos turísticos e aí só levantei para preparar o café da manhã por volta das 7:30 horas. Agora pela manhã pretendo retomar ao supermercado para comprar o que não foi possível ontem, pretendo também tentar mais uma vez o contato com o motorista que me levou ao complexo de cachoeiras da garganta para ver se acertamos uma ida ao Complexo de Shangrilá , área de preservação com rochas imensas , corredeiras , cachoeiras e com pinturas rupestres ainda preservadas! A séculos atrás a área do complexo de Shangrilá foi  habitada por ííndios e tida como terra sagrada. Comprei o necessário e novamente tentei o contato com a pessoa que fez meu transporte anteriormente , após algumas tentativas sem sucesso eu entendi que ele deveria estar ocupado ou não tinha interesse em atender naquele momento. Fui até as lojinhas (nos arredores da praça central) que vendem artesanato , pedras, cristais e vários utensílios produzidos com o quartzito , pedra abundante no local mas não tive vontade de adquirir nada. Encontrei novamente o Nelson ● ele mencionou algo a respeito de um convite que me fez para uma trilha ao que respondi que tinha receio devido ao meu desgaste físico e falta de hábito colocar mais uma situação adversa ao grupo , ali em São Thomé existem os aclives e declives sendo um trajeto simples de 1,5km (para o complexo da garganta por exemplo ) me mostrou que existe mais além da distância a se considerar: o fato de estar a 1,5km acima do nível do mar , as subidas e descidas íngremes e o acesso ao local que se vai desfrutar , utilizando como exemplo o complexo da garganta , existe uma escadaria íngreme além de rampas para chegar até as cachoeiras. Foi uma conversa rápida pois ele estava indo ao trabalho e acho que ele entendeu a minha explicação que definitivamente não estava atrelada à falta de interesse mas respeito a um grupo que tem experiência no que faz.

    Voltei ao apartamento , coloquei água , comida , toalha e roupas na mochila e voltei a praça para acertar minha ida a Shangrilá. O local fica um pouco distante do centro da cidade (aproximadamente 1 hora de carro) com uma estrada de chão batido com buracos e pedras. O preço solicitado estava ainda alto mas como seria um transporte em um carro comum (decidi arriscar pois fazia tempo que não chovia por ali) o valor ficou um pouco abaixo do cobrado por guias com veículos 4x4. Passava um pouco das 10 horas quando iniciamos a viagem , o motorista que conduzia parecia ser bem jovem (menos de 30 anos) , existe uma parte curta do caminho pela rodovia (asfaltada) mas a maior parte do trajeto é em estrada de barro com buracos e pedras para transpor e aí o motorista me explicou ficando mais fácil de entender o porquê de não poder cobrar um valor mais baixo , toda aquela condição adversa da estrada provocava danos ao automóvel que necessitava de reparos em tempo muito mais curto do que se transitasse em uma estrada convencional.

   Com a pressa do meu condutor e habilidade em menos de 1 hora estávamos  em um determinado ponto na estrada de barro (ja havia previamente um veículo parado) o qual seria nosso ponto de parada rumo ao complexo Shangrilá, também chamado de vale do Maytréia (avatar da nova era) , daquele ponto em diante existia uma pequena trilha (uns 100 metros) no meio da vegetação exuberante onde é  necessário ir a pé até  o destino final.

O  caminho até o Complexo de Shangrilá envolve a transposição desse belo córrego provavelmente com águas vindas de lá


 Chegada ao Complexo de Shangrilá , o ambiente muito bem preservado fez a beleza do lugar invadir a alma

 Chegando ao lugar (que eu achei fantástico) o motorista me levou direto a uma rocha que ainda tinha as pinturas rupestres (de milhares de anos) preservadas e me deixou a vontade para seguir para onde quisesse com um intervalo de volta de mais ou menos 1 hora.


Rocha com pinturas rupestres

Detalhe de algumas pintura rupestres presentes na rocha (fotografia sem filtros)

 Quando comecei a explorar o lugar , poucos metros após a rocha com pinturas rupestres , vi uma pequena queda de água sobre uma base plana e aquele lugar me “encantou “ , explorei e fiz fotos das redondezas mas logo retornei à queda de água vislumbrando um banho naquela jacuzzi exclusiva.

Pequena queda de água onde me posicionei recebendo toda aquela energia nas minhas costas e ombros (fez lembrar o poço dos namorados no complexo da garganta)

 O dia oscilava com momentos de sol e nebulosidade e a água , como é de praxe para o lugar, estava gelada, porém uma vez que tomei a coragem de ir , me coloquei exatamente embaixo da pequena queda de água que mencionei e ali desfrutei de uma fantástica hidromassagem nas costas e ombros como aco, após essa “hidromassagem natural” , senti uma paz e leveza (em uma intensidade muito menor do que senti no complexo da garganta) e esse foi o único momento em que senti alguma alteração do ponto de vista energético. 

    Fui até uma outra queda de água próxima e me coloquei embaixo do fluxo porém o fundo o qual sentei e apoiei as mãos estava repleto de algas e musgo e eventualmente no fluxo de água dava para perceber algas passando, então eu fiquei muito pouco tempo ali retornando para a queda de água anterior , cuja água era cristalina e as rochas limpas  (talvez devido a um volume de água maior , altura maior da queda ou ambos) fiquei imerso na paz e beleza do lugar recebendo toda aquela água no meu corpo até que o condutor me chamou por questões do horário ,

    Ainda fiz algumas fotos antes de sairmos daquela terra sagrada e de beleza ímpar literalmente com a alma lavada. No complexo de Shangrilá grutas e rochas imensas com diferentes alturas convidam à exploração , se dependesse exclusivamente da minha vontade , eu ficaria por ali subindo , descendo , fotografando até o final da tarde mesmo sem almoçar. 

    Mas passava de 12:30 horas e meu condutor se preocupava em ir porque ainda tínhamos todo o tempo na estrada para voltar (aproximadamente 1 hora) , vale a pena ressaltar que o lugar (talvez por estar longe do centro da cidade), é muito bem preservado , durante minha breve estadia , não vi sequer uma bituca de cigarro jogada ao chão , em uma conversa informal ressaltei  esta característica do lugar ao meu condutor e de pronto ele respondeu que o turista que procura aquele lugar , é “diferenciado”. Acho importante aqui deixar meu relato de que se você vai ao lugar sem um guia , é prudente não se afastar muito das estrada de barro onde inevitavelmente terá de deixar o veículo para seguir a pé , obviamente (no meu entender) o melhor é estar com um guia experiente ao lado pois naquele lugar completamente preservado e com vegetação abundante, é  muito fácil se perder como aconteceu comigo no retorno até o carro.

    Eu cheguei no local combinado de encontro e  no nosso retorno até o carro , deixei meu condutor partir na frente pois eu ainda capturava fotos do lugar e assim, nos distanciamos uns 50 metros e foi suficiente para passar uns 5 minutos perdido em meio a vegetação e só após escutar o som dele chamando pude saber qual direção tomar. 

Por toda paz e quietude que o lugar “exala” além de sua imaculada beleza natural,deu vontade de voltar, talvez no começo da manhã com muito tempo para desfrutar e explorar. Me despedi com várias fotos , tendo o corpo e alma lavados pela pureza singular das águas do complexo de Shangrilá. 

    Ao chegar no apartamento minha sequência de afazeres foi: lavar roupas, banho , almoço e selecionar as fotos. No momento de descanso considerei jantar um pouco mais tarde e ir no início da noite ao cruzeiro realizar mais uma das minhas observações.

    Por volta das 20 horas eu estava no todo do cruzeiro , no local que costumava ficar sentado na rocha , sozinho porém existia uma certa dificuldade em observar o céu estrelado de uma forma bem ampla devido a nebulosidade presente. O tempo que estive ali , pude presenciar 4 fenômenos dignos de registro: logo quando cheguei e me acomodei , ví uma luz azul a minha direita de uns 2 metros de altura com um formato vertical , similar a uma pessoa e muito rapidamente desapareceu (durou aproximadamente 3 segundos , pouco depois vi um objeto com luz esbranquiçada (similar a uma estrela) descer dos céus em grande velocidade e desaparecer pouco antes de atingir uma área um pouco mais afastada à esquerda com mata nativa. Antes que o leitor(a) pense na hipótese de ser um meteoro ou lixo espacial (eu pensei nisso quando comecei a ver o objeto) era completamente diferente pois não tinha um “rastro” , desapareceu muito perto do solo e não  houve qualquer tipo de ruído e se mantinha com um formato circular. A terceira situação inusitada é ainda mais difícil de entender e explicar, ocorreu logo depois da visualização acima relatada , olhei para o meu horizonte e vi uma espécie de nevoeiro com coloração vermelha, com a abrangência lateral de 1km aproximadamente com um prolongamento do limite da rocha um pouco mais a frente de onde eu estava , passando pelo desfiladeiro e indo até as montanhas próximas à minha frente , no mínimo uns 5km esta situação também foi breve , permaneceu por uns 10 segundos e sumiu de forma abrupta e a última situação , mais comum e corriqueira  aconteceu quando eu já estava de pé me preparando para deixar o local depois de ficar por quase duas horas sentado , foi um meteorito ou lixo espacial queimando na reentrada atmosférica que seguiu um padrão clássico com trajeto na diagonal , rastro luminoso e perda gradativa do lume.

 Retornei para o apartamento impactado com a situação da névoa vermelha visualizada e sequer pensei no que fazer no próximo dia , após o banho e jantar , fui dormir imaginando hipóteses lógicas e sem encontrar uma que “encaixasse “ na situação vivenciada, vejamos as situações que me aguardam amanhã!

Playlist do capítulo 12:

  ○ Dia de absoluto silêncio e assim desfrutei como pude do canto dos pássaros em especial bem te vis e sabiás    



Where time collapse  - Acrílico  - 2024


Gustavo H.F. de Sousa - Projeto 15 dias

 (2023-2024)



Shangrilá 

    Portas abertas para permitir a entrada de uma convergência de vetores cuja insistência não foi em vão 

   Beleza pristina e rusticidade aclamam a precisão dos encaixes que sabem desafiar gravitacões impostas 

    Terra vermelha, rochas amarelas se movem lentamente sob a condução de uma água gelada que serpenteia em meu horizonte 

    Tons violáceos adornam o curso de tudo que é hermético e potável,  assim sendo,  também efêmero 

    O que brota naquela terra é envolvido por uma consciência maior que apenas perece quando o propósito de finalização dos ciclos vigora

    Aquele ambiente subverte a física e o tempo absolutamente não existe porém é  afetado à distância por forças aureas ali geradas em processo de centrifugação para corrigir distorções 

    Ponto de encontro de mundos, elevadores em exaustivos translados, capilaridade permeáveis a tudo que está em evolução 

    Intervenções, iniciações, confraternizações dia e noite aos olhares atentos da imaculada e exuberante natureza que se presta como moldura do que é perfeito 


Gustavo H.F. de Sousa - Projeto 15 dias (2023-2024)



Comments

Popular posts from this blog

15 days project - São Thomé das Letras - Part 4 - English version

15 days project - São Thomé das Letras - Part 6 - English version

15 days project - São Thomé das Letras - Part 7 - English version